domingo, 20 de maio de 2018

MARIELLE, PRESENTE!


“O Brasil ser um país miscigenado!”. A população brasileira utiliza-se desta expressão como argumento para invisibilizar o racismo, tornando-o como um ato inexistente ou utópico pela sociedade. O período de escravidão no país se dá como uma instituição legal, social e econômica que implica diretamente na vida da população negra contemporânea, uma vez que esse grupo é marginalizado. (SILVEIRA, 2016)
De forma generalizada, a reprodução do racismo no Brasil é sempre atrelado ao próximo, levando a crer que somente o “outro” tem responsabilidades, trazendo a problemática da dificuldade de reconhecer a discriminação e não a prática discriminatória. Sendo assim, esses segmentos têm como consequência o racismo silencioso, um dos transtornos que a população negra vem enfrentando no Brasil. (SCHUWARCZ, 1998)
No Brasil,  a música usada como instrumento de luta de classes e racial se fortalece a partir do golpe de 1964, com a ditadura militar. Com a repressão e supressão dos direitos e liberdade, a música se faz presente de forma intelectual e pragmática. (BAIA, 2011)
Usada como ferramenta para manifestação e revolução, a música negra expande-se nas periferias brasileiras com o samba, o que é facilmente justificado, uma vez que após a escravidão a população negra no Brasil, ainda sem seus direitos, não instalou-se nos centros das cidades, mas sim nas margens e nos locais de difícil acesso. O samba então surge como forma de preservação e resistência cultural do ritmo dos povos africanos. (BAIA, 2011)
O presente artigo tem por objetivo trazer a música como manifestação contra o racismo e suas formas de silenciamento do povo negro no Brasil, que resulta no genocídio do povo negro, destacando o assassinato de Marielle Franco, que foi o fator desencadeador para a construção da obra.
A obra baseia-se, nos sentimentos e vivências do autor em relação a sua visão diante da desigualdade social, marginalização das minorias, em especial a população negra brasileira, autoconhecimento e auto-afirmação enquanto um homem negro como forma de resistência da luta negra, diante da impunidade e falta de respostas dos crimes cometidos contra ativistas negros, bem como o descaso com a população negra no Brasil.
Para melhor embasamento e compreensão do que se trata o termo “genocídio”, serão utilizados dois conceitos. De acordo com Webster’s Third New International Dictionary of the English Language, genocídio baseia-se em uso de ações deliberadas e sistemáticas, dentre elas, morte, injúria corporal e mental, realizadas para o extermínio de um grupo racial, político ou cultural (BABCOCK, 1986). Analisando também o Dicionário Escolar do Professor, o genocídio é retradado como toda e qualquer recusa do direito de existência e segregação de grupos sociais (BUENO,1996).

O Atlas da Violência de 2017 revela que a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com Cerqueira e Coelho (2017), os negros possuem 23,5% de chance maiores de serem assassinados, quando comparado com os dados de homicídios da população branca. É nítido que existe o extermínio de uma cor, específica no Brasil (DUPAS; ROMERO,  2016).
Em conformidade com gráficos comparativos das taxas de homicídio de negros e não negros entre os anos de 2005 e 2015, é notório o aumento de homicídios contra a população negra de 34,7% na média nacional.
Tendo como base estes conceitos, e analisando o Atlas da violência de 2017 é possível afirmar que a população negra brasileira encontra-se ainda escravizada pelo racismo, e uma de suas consequências é a fomentação do genocídio  do povo negro, na contemporaneidade. (NASCIMENTO, 2016)
TITULO DA MÚSICA: MARIELLE, PRESENTE! LETRA: ALYSSON PERES 

Segue em as fotos durante a performance e as imagens utilizadas para compor a apresentação.








2 comentários:

  1. Alysson:
    Fico bastante impressionado e feliz, como seu professor, com a qualidade intelectual e discernimento político que você nos apresenta por meio desse curto artigo.
    Nem sempre quem faz arte engajada sabe o que faz e o justifica. Por isso é importante um texto como o teu acompanhar o trabalho final do CC cuja temática "morte" você e sua equipe trabalharam com tanta competência ao direcionarem a elaboração e consecução ao assassinato de Marielle.
    Parabéns!

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MARIELLE, PRESENTE!

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