“O Brasil ser um país
miscigenado!”. A população brasileira utiliza-se desta expressão como argumento
para invisibilizar o racismo, tornando-o como um ato inexistente ou utópico
pela sociedade. O período de escravidão no país se dá como uma instituição
legal, social e econômica que implica diretamente na vida da população negra
contemporânea, uma vez que esse grupo é marginalizado. (SILVEIRA, 2016)
De forma generalizada, a
reprodução do racismo no Brasil é sempre atrelado ao próximo, levando a crer
que somente o “outro” tem responsabilidades, trazendo a problemática da
dificuldade de reconhecer a discriminação e não a prática discriminatória.
Sendo assim, esses segmentos têm como consequência o racismo silencioso, um dos
transtornos que a população negra vem enfrentando no Brasil. (SCHUWARCZ, 1998)
No Brasil, a música usada como instrumento de luta de
classes e racial se fortalece a partir do golpe de 1964, com a ditadura militar.
Com a repressão e supressão dos direitos e liberdade, a música se faz presente
de forma intelectual e pragmática. (BAIA, 2011)
Usada como ferramenta para
manifestação e revolução, a música negra expande-se nas periferias brasileiras
com o samba, o que é facilmente justificado, uma vez que após a escravidão a
população negra no Brasil, ainda sem seus direitos, não instalou-se nos centros
das cidades, mas sim nas margens e nos locais de difícil acesso. O samba então
surge como forma de preservação e resistência cultural do ritmo dos povos
africanos. (BAIA, 2011)
O presente artigo tem por
objetivo trazer a música como manifestação contra o racismo e suas formas de
silenciamento do povo negro no Brasil, que resulta no genocídio do povo negro,
destacando o assassinato de Marielle Franco, que foi o fator desencadeador para
a construção da obra.
A obra baseia-se, nos
sentimentos e vivências do autor em relação a sua visão diante da desigualdade
social, marginalização das minorias, em especial a população negra brasileira,
autoconhecimento e auto-afirmação enquanto um homem negro como forma de
resistência da luta negra, diante da impunidade e falta de respostas dos crimes
cometidos contra ativistas negros, bem como o descaso com a população negra no
Brasil.
Para melhor
embasamento e compreensão do que se trata o termo “genocídio”, serão utilizados
dois conceitos. De acordo com Webster’s Third New International Dictionary of
the English Language, genocídio baseia-se em uso de ações deliberadas e
sistemáticas, dentre elas, morte, injúria corporal e mental, realizadas para o
extermínio de um grupo racial, político ou cultural (BABCOCK, 1986). Analisando
também o Dicionário Escolar do Professor, o genocídio é retradado como toda e
qualquer recusa do direito de existência e segregação de grupos sociais
(BUENO,1996).
O Atlas da
Violência de 2017 revela que a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são
negras. De acordo com Cerqueira e Coelho (2017), os negros possuem 23,5% de
chance maiores de serem assassinados, quando comparado com os dados de
homicídios da população branca. É nítido que existe o extermínio de uma cor,
específica no Brasil (DUPAS; ROMERO, 2016).
Em conformidade
com gráficos comparativos das taxas de homicídio de negros e não negros entre
os anos de 2005 e 2015, é notório o aumento de homicídios contra a população
negra de 34,7% na média nacional.
Tendo como base
estes conceitos, e analisando o Atlas da violência de 2017 é possível afirmar
que a população negra brasileira encontra-se ainda escravizada pelo racismo, e
uma de suas consequências é a fomentação do genocídio do povo negro, na contemporaneidade.
(NASCIMENTO, 2016)
TITULO DA MÚSICA: MARIELLE, PRESENTE! LETRA: ALYSSON PERES
Segue em as fotos durante a performance e as imagens utilizadas para compor a apresentação.